Como nasceu o grupo Ágape

O Grupo Ágape de Teatro nasceu do sonho que o ator ediretor Luiz Bertazzoni alimentava de reativar o Grupo de Teatro da Juventude Espírita de Tupã (hoje União Espírita Jésus Gonçalves), extinto no fim dos anos sessenta devido ao AI-5, o que aconteceu só em agosto de 1999 com apoio de Cirso Ribeiro Rosa, grande amigo e parceiro de palco e na época Presidente da entidade. Logo, porém, Bertazzoni, com problemas de saúde, deixou o grupo, assumindo então Renato Gonzalez Rosa. 

Em 2000, outro ícone do teatro paulista, Ramis Pedro Boassali, de Marília, tornou-se grande mestre e amigo, colaborando decisivamente para o crescimento do grupo.

Até hoje foram produzidos 61 espetáculos, tanto de peças de circulação, várias premiadas em festivais pelo estado, quanto os de final de ciclo dos cursos ministrados. Sua sede dispõe de palco completo, plateia de 100 espectadores, estúdio de audiovisual e biblioteca.

Com 22 anos ininterruptos de trabalho, tornou-se um grupo de referência no interior paulista.

O grupo passou por três fases distintas, a primeira com espetáculos espíritas, sintonizado à orientação sociorreligiosa e evangelizadora de sua mantenedora, fase que perdurou até 2006, com grande destaque ao dramaturgo Theodoro José Papa.

Constatando a avidez do público por teatro e querendo assistir a outros gêneros, e por que os integrantes do grupo, de maioria não espírita, queriam alçar outros voos, houve em 2008 a grande virada para a livre adaptação do texto de Nelson Rodrigues “Um beijo no asfalto”, com pleno sucesso.

A partir de 2011 caminhou para o teatro de absurdo com a montagem de “A Lição do Rinoceronte Careca”, adaptação de três textos de Eugene Ionesco: “O Rinoceronte”, “Cantora Careca” e “A Lição”. Foi a montagem que mais circulou, somando 25 apresentações no ano de 2013.  

Em parceria com a Prefeitura local, desde 2001 organiza o Festival Nacional de Teatro atingindo já 278 espetáculos e 50.600 espectadores, e manteve entre 2006 e 2012 o “Teatro para todos”, que foi o maior projeto de teatro da história de Tupã, envolvendo cerca de 3.000 pessoas.

Desde 2010 é Ponto de Cultura – Teatro gera vida e vida gera teatro, oferecendo aulas de teatro e capoeira, dispondo ainda de um banco de textos teatrais com 3.000 títulos.

O núcleo de audiovisual produz os programas “Mosaico” há 18 anos, exibido pelo Facebook e TV Universitária e há 8 anos o “Em Ponto” que vai ao ar pela TV Câmara de Tupã e TV Oeste e produz curtas metragens.  

Faz parte do Conselho Municipal de Cultura desde 2012 e recebe com frequência, orientações do Projeto Ademar Guerra – Qualificação em Artes.

O grupo não tem um processo de criação fixo apesar de existir há 22 anos, o que se explica pelo fato de ser o elenco bastante rotativo, na maioria jovens que, concluindo o ensino médio, mudam-se para estudar em outras cidades, por falta de opção local, principalmente na área artística, ou que deixam o grupo por precisar trabalhar para manutenção própria e familiar, são poucos os que permanecem disponíveis.

A escolha de textos geralmente é feita, lendo-se várias obras do vasto banco de textos do grupo e escolhendo aquela que mais agrade e mais se adapte às características do pessoal. É um processo demorado, extremamente exaustivo e complexo.

Escolhido o texto, passa-se a estimular os atores por meio dos jogos teatrais e exercícios que possam introduzi-los à prática da cena, à interpretação, à análise do texto, à expressão e à comunicação artística, potencializando a criatividade, a desinibição, a concentração, a autoconfiança e o trabalho em grupo.

O Programa de Qualificação em Artes, antigo Projeto Ademar Guerra tem sido um importante apoio para qualificar e capacitar novos artistas.

Talvez não seja o melhor caminho, mas é o possível e o que mantém o grupo ativo até os dias atuais.

Manter ativo um grupo de teatro no interior do estado é um grande desafio.

O Grupo Ágape não tem fins lucrativos e o apoio é diminuto. Seus líderes se desdobram para manter o grupo ativo e para buscar recursos para a manutenção das atividades. Uma solução é concorrer em editais culturais.

Mas o que os motiva a continuar a luta é acreditar que o teatro é uma ótima ferramenta de fomento de ideias, pois cada espetáculo apresentado faz com que a plateia pense, questione e evolua.

E, é claro, a paixão.

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